Raiai!

Um blog de baianidades soteropolitanas

16 março 2006

Use sua imaginação

– ¿Como foi, menina?... Conta logo! Conta, vai!
– Calma, Amanda! Oxente! Tá doida ¿é? Peraí q eu já vou contar tudo, direitinho. Xô colocar só a água do arroz no fogo e volto. Pera mais um pouquinho.
(...)
– Ai, vai, conta logo, menina! ¿E aí, rolou ou não rolou?
– ¿O q é q você acha?
– Ah, não sei. Pela sua cara de felicidade, acho q... Ah, não sei! Pára de fazer suspense e conta logo, sua besta.
– Tá bom. Eu tava...
– ¿Q horas q cê chegou na casa dele?
– Duas e meia. Eu tava passando pela frente da...
– ¿A mãe dele tava aonde?
– Ah! ¿Cê vai deixar eu falar ou não? Se eu me retar eu não conto mais nada ¿viu? Calma q eu já vou chegar nessa parte.
– Tá, prometo q vou ficar caladinha, quetinha.
– Então tá. Eu tava só de passagem pela rua dele. Mainha mandou eu comprar uns tubos de linha pra máquina. Tinha um prazo de entrega de uns vestidos pra hoje e a linha preta tava pra acabar. / Dei uma ajeitada no cabelo, botei minha saia de periguete, um espanta-nigrinha básico e fui... Claro q eu sabia q ia passar pela frente da casa dele ¿né? Tinha um armarinho aqui perto q...
– Sim, essas coisas eu já sei. Eu quero saber o q rolou na...
– Calma, menina! Eu nem entrei na casa do bofe ainda e você já tá assim. / Tá bom. Vou tentar adiantar a fita.
– Daqui a pouco sua mãe chega aí e você não vai ter me contado nada ainda.
– Certo, vou tentar ser mais objetiva. / Cheguei na frente da casa dele. Tudo fechado. Vim, devagar, quase parando... De repente a velha, Dona Edite, saiu da casa. Adiantei um pouco os meus passos e esperei até ela sair e fechar o portão.
– ¿Você falou com a véia?
– Não. Claro q não ¿né? Mas foi nessa hora q o diabinho cantou a oportunidade única de cometer essa loucura, bem no meu cangote.
– Aí cê foi lá, chamou ele no portão e...
– Não, calma. Antes de ir na casa dele, eu fui até o armarinho, correndo, e comprei as linhas q Mainha pediu. / Tava tão apressada q esqueci até de pegar o troco com Dona Alzeni. / Vim correndo também, voltando pela rua dele, de novo com o diabinho, e agora o anjinho também, tentando me convencer a fazer ou não fazer aquilo.
– Aquilo, ¿o quê?
– Ué, ‘aquilo’... Use sua imaginação.
– Ahhh, claro! Então rolou, ¿não foi, sua discarada?
– Não sei. ¿Q é q cê acha?
– Eu acho q você tem de contar o resto dessa história logo, q senão eu vou morrer de tanta curiosidade.
– O diabinho me deu a dica: finge q vai comprar um geladinho e quando ele vier entregá-lo, você agarra ele(!) e o leva lá pra dentro.
– ¿E você fez isso?
– Não. Fiquei foi lá uma meia hora gritando: “Me despache! Me despache!”
– Oxe! ¡¿E ele não veio te atender?!
– Óbvio q veio. Só q demorou ¿né?, minha filha. Quase q eu desistia de chupar o geladinho dele. [risos]
– Viche! Como você é podre!
– Ahn! Você não viu nada ainda.
– Tá bom, sua badogueira. Continue.
– Aí ele veio: “Tem de umbu, acerola, tamarindo e amendoim”. Aí eu perguntei pra ele se tinha de manga. Ele disse q não, q só tinha desses q ele tinha acabado de falar. Aí eu perguntei pra ele, qual dos cinco era o mais gostosinho, olhando pras partes dele.
– Sério!
– Mas tá!... / Ele fez q não entendeu e perguntou o q é q eu tinha acabado de falar, já me olhando de um jeito q, ai... – olha pro teto e faz q delira. – Eu repeti. Ele fingiu q não ouviu, mais uma vez, e veio até o portão. Aí eu falei pela última vez. Então ele disse: “¿Quer entrar pra provar um por um, direitinho?”
– Mentira q ele não falou isso.
– Falou sim, ¿quer apostar?
– ¿Apostar como?
– Ah, sei lá. Deixe eu terminar de contar a história logo. / Nós entramos. Ele já foi logo tirando a camisa.
– Não acredito! Ai, aquele menino é muito gostosinho! ¿E você fez o quê? Foi logo tirando a sua roupa também...
– Não. Claro q não. Eu também não sou tão fácil assim. ¿Tá achando q eu sou o quê? / A gente começou a conversar, sentados no sofá, civilizadamente. / Ah, ele perguntou de você.
– ¿De mim?!!
– Sim. Eu também estranhei. Ainda perguntou sobre as meninas de lá da sala... Aí perguntou se eu ainda tava namorando com Wendel. Aí eu disse q jamais q eu ficaria sozinha, na casa de um menino q eu fiquei a fim desde quando o vi pela primeira vez, se ainda estivesse namorando.
– Ahh, deixe de mentir q você não ia ter coragem de dizer isso.
– Tenho e disse! Disse sim! E foi aí q ele me agarrou. Começou a passar a mão pelo meu corpo. Veio por cima, aí foi descendo, descendo aquela mão-zona enorme, até...
– Até ¿o quê?
– Ah, use a sua imaginação.
– ¿Você deixou ele passar a mão em você todinha, já no primeiro amasso?
– ¿E daí, qual o problema?
– Nada. É q eu acho isso meio estranho; essa liberdade toda.
– Ah, claro! Você ainda é virgem, toda tirada a certinha, filhinha da mamãe. Toda Sandy! Eu não. Eu sei muito bem curtir minha liberdade. E como é bom ser livre, e ter uma mão de homem, livre, passeando sobre o seu corpo, e dentro da sua calcinha, ai, ai, você toda molhad...
– Ai, pára com essa nojentice! Deus q me livre!
– Ô, ¿então você não quer mais saber tudo q aconteceu não?... Então tá bom. Não vou contar mais nada. Aliás, é íntimo demais pra você saber.
– Não, não faça isso não!... E eu quero saber tudo sim, nos mínimos detalhes... Aliás, nem precisa de tantos detalhes assim... quer dizer, precisa sim. Con-ta lo-go!
– Xô terminar de fazer o arroz q eu volto pra dizer o resto.
– Tá, mas vá rápido q eu já tô explodindo de tanta curiosidade.
(...)
– Vamo lá. Vou contar logo os finalmentes, pra mandar você embora logo daqui, sua insuportável! / Quando eu comecei a arranhar as costas dele, no meio daquele beija daqui, chupa dali, eu resolvi abrir minhas pernas de uma vez. Quando ele meteu o dedo na minha xereca...
– Ai, q horror! Como você é baixo astral, menina!
– Horror o quê, tabaroa! Foi maravilhoso! Ele começou a rodar o dedo dentro de mim e com a outra mão foi abrindo o zíper de sua calça, e me puxando pra mais perto dele... quando ele ia meter, eu mandei ele parar.
– ¿Por q cê fez isso?
– Ué, porque ele não tinha colocado a camisinha ainda.
– ¿Foi isso q fez você parar?
– Claro! ¿Cê é doida é menina? Sem proteção, nem morta!
– Mas ¿e aí, o q você fez?
– Eu pedi pra ele colocar a camisinha, só q ele disse q tava sem nenhuma em casa.
– Sim, ¿e daí?
– Daí q na casa dele vende geladinho...
– ¿Como assim? Não entendi.
– Ah, Amanda!... Use sua imaginação.

* de RAIAI! 2
** Vencedor do I Concurso CEFET-BA de Literatura 2005 (Categoria: Prosa)

9 comentários:

Anônimo disse...

Ohhh Gabriel...
essa aqui eu ocnheço lá do cefet... deu foi discussão entre mim e meu irmão viu.. =D
super legal

Anônimo disse...

Esse é o mais mais.
Adoro essas meninas...
é, como dizem, o seu carro-chefe, "música de trabalho"...
quer dizer, o mais mais até agora.
Espero q o raia 4 seja melhor ainda.

Grande abraço, mano.

Anônimo disse...

Tipo assim, o geladinho que ele vendia era de 15 ou 25 centavos... pq se for o de 15...humn...use a sua imaginação!!!

Anônimo disse...

pra mim a melhor de todas... ou pelo menos a mais engraçada.
o auditório do cefet foi abaixo com essa.

James Martins disse...

esse eu coneheço lá do CEFET. é o melhor. chupe meu braço. vc gosta de mim???

Anônimo disse...

Essa é boa , das mais sacanas .
Mas prefiro a das piris...
Muito boa.

Anônimo disse...

Com essa eu quase fui ao chao... que pirrriiiguettti!!!
parece Gueu.
Hihihiiii!!!
Vou mandar Gueu ler.

Manoela Guerreiro disse...

kkkk... Gostei da foto da sandy ai.
Li esse no RAIAI 01 [acho]...E Gosto tb do " toda sandy"

Anônimo disse...

rsrsr gostei!